segunda-feira, 12 de março de 2012

RESISTÊNCIA URBANA. Construindo a unidade do movimento popular combativo

O I Encontro da Resistência Urbana- Frente Nacional de Movimentos, realizado nos dias 6, 7 e 8 de maio de 2011, em Brasília, confirmou sua consolidação como instrumento classista, democrático e combativo do movimento popular urbano. Em três anos de existência, realizou grandes jornadas nacionais de luta e ampliou bastante sua base social e territorial, honrando o manifesto e a carta de princípios aprovados no encontro que lhe deu origem, em janeiro de 2009, com a denominação provisória de Frente Nacional de Movimentos Urbanos, abaixo transcritos.

RESISTÊNCIA URBANA- Frente Nacional de Movimentos


Documentos básicos (*)


MANIFESTO
A atual crise assusta a muitos, mostra a verdadeira face do capitalismo; e não são feições bonitas. O desemprego já é uma realidade de milhões, assombra outros mais e, lança, sem mediações, nosso povo a uma miséria implacável.
Nas periferias das grandes metrópoles aglomeram-se trabalhadores vivendo em condições indignas. Pelos becos e vielas nossa juventude, pobre e desempregada, não tem perspectivas.
Muitas organizações populares que aglutinavam os trabalhadores para a luta fora de seu espaço de trabalho renderam-se à cooptação, à disputa institucional e reduziram-se por vezes a espaços de legitimação dos governos.
Neste momento em que o capitalismo volta, com ainda mais contundência, todas suas forças contra os trabalhadores – querendo nos fazer pagar o preço de sua crise – nós, movimentos e organizações populares da luta urbana nos juntamos e definimos não mais agir separados, não mais lutar sozinhos, não mais apresentar nossas vozes e bandeiras de forma fragmentada.
A FNMU, que hoje formamos, já existe em nossas lutas, em nosso esforço de unir o povo pobre das cidades numa marcha única pelo socialismo. Lutaremos pelo fim da guerra interna nas periferias, que põe trabalhadores contra trabalhadores. Queremos um mundo socialista, onde a cidade não seja o espaço da espoliação e da miséria. Queremos as favelas de pé, em posição de combate ao capital, unindo forças com o conjunto da classe para derrotar esta sociedade e construir um novo mundo.
Por isso nos unificamos, para fortalecer e reerguer com autonomia as lutas populares urbanas. Aqui estamos, o povo pobre que não se rende, nos organizando para novas batalhas e construindo as novas vitórias.

CARTA DE PRINCÍPIOS

A história da humanidade é a história da luta de classes. Vivemos num momento em que setores cada vez mais massivos e importantes da classe trabalhadora estão imersos na precariedade, sobrevivendo numa sub-cidade: desempregados, terceirizados, informais, enfim, espoliados e jogados fora pelo capital.
É preciso organizá-los para a luta, é preciso trazê-los para a construção de uma sociedade diferente, onde todos possam viver com dignidade. A frente nacional de movimentos urbanos pretende ser um instrumento para contribuir na construção desta nova sociedade, socialista. A busca do socialismo é, portanto, o primeiro e mais fundamental principio dessa construção e, dele, outros tantos se desdobram.
Após termos perdido para o capital e para o Estado, através da cooptação, importantes organizações construídas pelo suor do povo em luta, a FNMU só tem sentido se for, além de socialista, autônoma e independente, política e financeiramente.

Nesta frente estão unificados movimentos e organizações que acreditam que só a luta muda a vida e por isso para nós a luta direta tem centralidade, é nosso ponto de apoio, nossa forma de construir o que queremos. E uma luta que não esteja limitada a uma demanda específica – seja ela a moradia, infra-estrutura, trabalho ou qualquer outra. Buscamos articular e unificar todo um conjunto de demandas do povo pobre das periferias urbanas, o que torna nossa iniciativa ampla e aberta.
No rumo de uma construção coletiva e fraterna das lutas da classe trabalhadora nossas decisões só são autênticas se forem coletivas. E isto implica tanto uma forma democrática de debate decisão quanto o combate a todas as formas de opressão – ao machismo, ao racismo, ao sexismo e outras tantas.
A FNMU nasce agora, ou melhor, fecunda agora, pois nascerá e renascerá nas lutas comuns de trabalhadores por uma nova sociedade.
Por tudo isso, definimos os seguintes princípios como orientadores de nossa organização e de nossa prática:
- Construção do socialismo.
- Autonomia política em relação ao Estado, partidos e ONGs.
- Ação voltada para a luta direta.
- Amplitude para representar o conjunto das demandas populares.
- Característica urbana.
- Combate às opressões.
- Respeito às diferenças das organizações.
- Decisão coletiva.
- Trabalho de base.
- Combate ao Estado capitalista.

(*) Aprovados ao final de Encontro da FNMU, ocorrido em Belém- Pará, nos dias 30 e 31 de janeiro de 2009, durante o IX Fórum Social Mundial.

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