domingo, 18 de março de 2012

MANIFESTO DO MLP. Conclamação à unidade

A situação dramática em que vive a grande maioria dos residentes em Belém e demais cidades paraenses confirma a incapacidade dos governos federal, estadual e municipais de dar um novo rumo ao crescimento urbano. As periferias de nossas cidades crescem sem parar, inchadas por famílias pobres e sem esperança em um futuro melhor; periferias onde poucos têm emprego digno e duradouro, onde quase todos se instalam em ruas de difícil acesso e habitações precárias; onde faltam infra-estrutura, saneamento básico, transporte coletivo, segurança pública e educação e saúde de qualidade; onde crescem a violência e a criminalidade. Nelas, as construções habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida e as obras do PAC caminham muito lentamente, avançando um pouco mais apenas nos períodos eleitorais; mesmo assim projetadas para alcançar áreas isoladas e pequenos números de famílias. Para a maioria esmagadora da população, nenhuma melhora está prevista; ao contrário, a crise financeira e econômica ameaça tirar o pouco que tem.
Para nós, militantes do movimento popular e representantes de várias comunidades destas periferias, a dura realidade acima lembrada precisa e pode ser transformada. Mas a transformação desejável jamais acontecerá se depender de iniciativas dos governos de plantão, nas três esferas do Poder; nestes governos prevalecem os interesses de poucos, das minorias privilegiadas, quaisquer que sejam seus compromissos formais. Será vã toda esperança de cidades melhores baseada apenas ou principalmente nas promessas de velhas raposas políticas ou falsos salvadores. A esperança só pode se concretizar com a força das comunidades interessadas em transformar a realidade; só a luta das comunidades que representamos e de muitas outras comunidades que vivenciam as mesmas agruras poderá viabilizar soluções para os problemas enfrentados por todas e cada uma em particular. Não é votando nem negociando migalhas com governos, partidos e políticos tradicionais que a esperança se concretizará, mas sim com organização e mobilização das comunidades em torno de interesses e reivindicações comuns.
Estamos conscientes de que o desafio de organizar e unir milhares de comunidades excluídas das cidades do Pará não pode ser vencido em curto prazo; de que não se constrói de uma hora para outra um instrumento que comprometa todas as entidades comunitárias com um plano de luta unitário, inclusive porque numerosas entidades desviaram-se de sua real finalidade para servirem a interesses políticos escusos. Mas também entendemos que o projeto capaz de unir os moradores dos mais diferentes bairros, localidades e cidades desta região, a população precariamente assentada nas periferias urbanas, jamais se concretizará se nós, os militantes de organizações comunitárias e afins fiéis aos interesses históricos do povo não dermos o primeiro passo. É urgente e perfeitamente viável criar uma articulação permanente entre nós, que fortaleça as lutas que já travamos e sirva de polo de atração a muitos outros militantes e organizações comunitárias interessados em lutar por uma nova alternativa de organização e de luta popular.

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