quinta-feira, 12 de abril de 2012

Portel. Quatro anos de lutas e vitórias!

Um ano e meio antes da criação do Movimento de Luta Popular, nascia em Portel, região do Marajó, uma das maiores ocupações urbanas ocorridas em cidades do Pará, nos últimos anos. Coube a Ronaldo Alves, professor da rede pública de ensino, e outros dirigentes regionais do SINTEPP, juntarem-se às várias centenas de famílias decididas a ocupar uma imensa área ociosa de propriedade de uma multinacional que abandonou Portel, deixando grandes prejuízos sócio- ambientais e dividas trabalhistas, para logo serem reconhecidos como importantes  lideranças do movimento. Ronaldo Alves também foi eleito para compor a primeira direção da Associação dos Assentados de Portel, entidade criada para implementar a luta pela posse definitiva da área, que passaria a ser denominada de Portelinha. No ano seguinte, ele e outros companheiros da nova ocupação estariam entre primeiros signatários do manifesto do MLP. “Não dava para acreditar que aquilo estava ocorrendo em Portel, uma cidade pacata, com uma população aparentemente conformada com a realidade miserável do Marajó. No dia 20 de abril de 2008, por volta das 17h00min, aproximadamente 1600 famílias ultrapassam os cercados da empresa falida AMAZÔNIA COMPENSADOS E LAMINADOS S/A – AMACOL, dando início à grande ocupação. Em uma ação rápida e desordenada as pessoas estavam determinadas a garantir um terreno para construção de sua moradia, declarou Ronaldo Alves em artigo que dá conta daquela experiência de luta vitoriosa.  “(...) Existe ainda a disposição da diretoria da AAP de contribuir para a construção do Movimento de Luta Popular (MLP) e, através deste, da Frente Nacional de Resistência urbana que, como sua própria denominação indica, trata-se de uma organização articulada dos movimentos urbanos a nível nacional que se empenha na luta pela moradia neste país, uma organização alternativa aos movimentos nacionais que se deixaram atrelar aos projetos governistas (...) a extração madeireira desde 2005 havia entrado em crise pela não liberação de projetos de manejo floresta, deixando milhares de trabalhadores desempregados e vivendo na miséria, inclusive a AMACOL que em seu auge funcionava com mais de 1 mil funcionários. A necessária resistência pacifica à ação de pistoleiros contratados pela madeireira durante muitos meses consecutivos e, depois, o enfrentamento vitorioso as artimanhas da prefeitura e elites locais para se apropriarem da área, a grande ocupação está bem diferente: ruas tomaram formas e ganharam nomes, construções de casas são cada vez mais constantes, o comercio está presente, a paisagem geográfica é outra; e a AAP mantém vivas a disposição de luta e a democracia popular como método de deliberação sobre o presente e o futuro da “Portelinha”. Com a Portelinha consolidada, praticamente um novo bairro, o desafio agora é outro: enfrentar os grupos políticos encastelados na prefeitura, Câmara de Vereadores e órgãos públicos em geral, que hoje tentam apagar da memória do povo sua história de lutas e conquistas e convencê-lo de que as melhorias na área ocupada são dádivas suas.   

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